domingo, 31 de janeiro de 2010

Trabalhando solidão


É estranho..
sentir solidão, a sós!
Antes eu sentia solidão a dois,porém não era tão latente, pois havia a companhia de um parceiro, que me aquietava e ninava o sentimento solidão.
Hoje, cá estou, em ambiente silente, frio e impessoal, registrando no dia a dia a dor e saudade alheias, onde cada um começa a modelar sua própria forma de lidar com a solidão física e espiritual de seres que já se foram.
É estranho...
Caminhar por entre corpos, que foram carne, sangues quentes e espíritos.
Seres que sorriram, choraram e sofreram.
Seres que amaram, que maltrataram e que foram dizimados pelas mazelas de uma vida e de uma sociedade inquieta por movimento, seja ele social ou passional.
E eu ali, por entre corpos, sozinha.
Espírito solitário,talvez carente e solidário.
Ciente e pensativa,com todo um cuidado, em não me lambuzar nas ofertas da liberdade e da busca por uma saída para por fim a solidão.
Meu companheiro de vinte anos atrás, o meu "eu", ainda é dormente.
Na sua preguiça de uma inércia, me deixa só, para eu amadurecer e me acostumar, reconhecendo os terrenos íngremes, podendo assim de me preparar para uma sociedade nua e ávida de espíritos e emoções latentes com sede de viver.
Estou sim, no meu trabalho solitário e frio, trabalhando a solidão.
Vou com calma, sem pressa, caminhando entre corpos, onde jaz acompanhante e flutuante uma dor que se desfaz...